A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta sexta-feira (15) que o Complexo Mãe D’Água-Curemas não oferece mais condições de abastecimento pelo sistema de gravidade. O cenário hídrico, considerado de extrema criticidade foi apresentado durante reunião extraordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu, em Pombal (PB).
Wesley Gabrielli de Souza, coordenador de marcos regulatórios e alocação de águas da ANA, reconheceu a necessidade de paralisar urgentemente a captação de água de Curemas, em decorrência das características da estrutura de tomada d’água, aproximadamente dois meses antes do que se pensava.
“A gente pensava que poderia utilizar até meados de setembro ou outubro, mas pelas características dessa tomada, vamos precisar parar imediatamente. Pode ser que até domingo, segunda-feira agora já não tenha possibilidade de mandar água para os rios Piancó e Piranhas por gravidade”, explicou Wesley.
De acordo com Gabrielli, a água não oferece mais nenhuma condição de entrar na galeria de tomada por gravidade, e que só foi possível constatar essa realidade agora, porque o nível da água desceu, dando condições de ser melhor analisado. “Curemas continua com o volume de 6%, o que acontece é que a água que está lá não consegue ir para os rios por gravidade”.
A Agência Nacional de Águas também apresentou algumas alternativas para minimizar a situação. Uma delas é a utilização imediata do Açude Mãe D’Água, fechamento do barrilete que lá existe, e o atendimento à Comunidade Mãe D’Água por uma rede de distribuição convencional. “Então a gente teria aí, uma parcela de água em torno de 1.500 litros por segundo para ajudar a perenizar os Rios Piancó e Piranhas, via Mãe D’Água e Rio Aguiar”, explicou Wesley.
Outra alternativa seria complementar a vazão do Açude de Curemas por recalque. “Quando ele parar de descer por gravidade ainda vai sobrar 37 milhões de metros cúbicos e eles podem ser utilizados, desde que façam uma instalação de bombeamento, colocar um flutuante e recalcar para dentro da tubulação de 2.200 litros que vai pro Rio Piancó-Piranhas”.
Também existe possibilidade de descarga via Canal da Redenção, mas é necessário avaliar qual é a capacidade dessas descargas. “E existe ainda a possibilidade de remoção de uma parede espessa, de 30 centímetros ou mais, que fica na frente da tubulação de tomada d’água do Açude de Curemas, mas como vamos remover isso de lá sem prejudicar a estrutura da barragem?”, finalizou Wesley Gabrielli.
As informações técnicas identificadas pela ANA na estrutura de tomada de água do Açude de Curemas, ainda serão verificadas por um engenheiro-mecânico do DNOCS, para verificar se existe uma saída frontal, que possibilite a entrada de água para a comporta.