Papa Francisco celebrou na manhã deste domingo, 25, a Santa Missa do Domingo de Ramos e a 33 º Jornada Mundial da Juventude, a nível diocesano. Na liturgia que cruza histórias de alegria e sofrimento de Jesus – aclamado pelo povo como rei, e mais tarde crucificado pelo mesmo povo —, a Igreja leva o cristão a refletir, segundo o Pontífice, sobre sentimentos e contradições ainda presentes em homens e mulheres da atualidade. “Capazes de amar muito… mas também de odiar (e muito!)”, observou o Santo Padre.
A alegria e a festa do povo que aclamou Jesus Cristo como o Senhor é esmorecida, de acordo com Francisco, pelos irritados e amargurados, que se consideravam justos e fiéis à lei e aos preceitos rituais. “Uma alegria intolerável para quantos perderam a memória e se esqueceram das inúmeras oportunidades por eles usufruídas. Como é difícil, para quem procura justificar-se e salvar-se a si mesmo, compreender a alegria e a festa da misericórdia de Deus! Como é difícil, para quantos confiam apenas nas suas próprias forças e se sentem superiores aos outros, poder compartilhar esta alegria!”, trecho da exortação Evangelii gaudium, de autoria do Papa, citada por ele durante a homilia.
O grito “Crucifica-o” é atribuído pelo Santo Padre a todos os homens e mulheres que, para defenderem sua posição, desacreditam especialmente quem não pode se defender. Grito produzido por intrigas da autossuficiência, do orgulho e da soberba. Deste modo, o Pontífice afirma silenciar-se a festa, a esperança, os sonhos, a alegria, o coração e a caridade do povo.
“É o grito “Salva-te a ti mesmo” que pretende adormecer a solidariedade, apagar os ideais, tornar insensível o olhar”. Diante dos vários gritos e vozes da Paixão do Senhor, Francisco recomenda como antídoto aos cristãos, o ato de olhar a cruz de Cristo e deixar-se interpelar pelo seu último grito. “Cristo morreu, gritando o seu amor por cada um de nós: por jovens e idosos, santos e pecadores, amor pelos do seu tempo e pelos do nosso tempo. Na sua cruz, fomos salvos para que ninguém apague a alegria do Evangelho; para que ninguém, na própria situação em que se encontra, permaneça longe do olhar misericordioso do Pai”, suscitou.
Olhar a cruz de Cristo é vista pelo Santo Padre como uma oportunidade do ser humano questionar prioridades, escolhas e ações, e repensar sua sensibilidade face a quem passa ou vive momentos de dificuldade. “Jesus continua a ser motivo de alegria e louvor no nosso coração ou envergonhamo-nos das suas prioridades para com os pecadores, os últimos, os abandonados?”, questionou.
Aos Jovens
“Um jovem alegre é difícil de manipular”. A frase de Francisco faz menção a um dos motivos de irritação daqueles que se incomodaram com a alegria suscitada por Jesus ao entrar em Jerusalém. De acordo com o Papa, muitos quiserem calar a juventude, inclusive os fariseus, mas foram repreendidos por Jesus: “Alguns fariseus disseram-Lhe, do meio da multidão: ‘Mestre, repreende os teus discípulos’. Jesus retorquiu: ‘Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as pedras’ (Lc 19, 39-40).
Segundo o Pontífice, há muitas maneiras de tornar os jovens silenciosos e invisíveis, maneiras de os anestesiar e adormecer para que não façam barulho, para que não se interroguem e os seus sonhos percam altura tornando-se fantasias. No Dia Mundial da Juventude, Francisco pediu aos jovens que ouçam a resposta de Jesus aos fariseus e que decidam por não se calar. “Se os outros calam, se nós, idosos e responsáveis (tantas vezes corruptos), silenciamos, se o mundo se cala e perde a alegria, pergunto-vos: vós gritareis? Por favor, decidi-vos antes que gritem as pedras…”, concluiu.