Pedagogia no ensino remoto, Por: Professor Erivan Alonço da Costa

No momento trágico em que vivemos, uma forma de educação baseada em conteúdo não pode ser a “educação do futuro”. A educação não tem mais o foco na formação para a indústria, mas, sim, para as relações intra e interpessoais. Ir contra isso é tentar voltar ao tempo em que se ensinava a ler para se ler instruções.

Continuar com essa tentativa de reestabelecer um ensino fragmentado que faliu, que perdeu a relação com os aspectos pedagógicos, é desqualificar o papel dos professores inovadores e toda a luta pela valorização das boas práticas docentes, bem como perturbar a, já pouca, segurança emocional dos alunos.

Alunos e professores precisam de roteiros semanais ou quinzenais e não da transposição de um modelo falido para as plataformas digitais.

A pedagogia mediante metodologias ativas (projetos/alunos planejando e gerindo seu tempo, problemas ou situação-problemas, entre outras) precisa de acompanhamento dos docentes e dos pais, dicas, diálogos de professores com alunos, de professores com pais, de pais com filhos, de professores com professores e de alunos com alunos para o surgimento de um efetivo regime colaborativo.

A ideia de interatividade das novas tecnologias de comunicação não é de estudo. Não podemos negar isso.

Não podemos transformar essas plataformas em informação disponibilizada aos alunos. Crianças e adolescentes estão vivendo na interatividade entre um passado que pouco lhes interessa e um futuro que nem cogitam antecipar em pensamentos. Nessas plataformas há afastamento dos jovens sempre que percebem que a relação é verticalizada, de hierarquia desconexa com a realidade. Alunos tendem a um “dizer não à passividade”.

O foco não deve ser no resultado. O foco deve ser no processo. O processo e seu acompanhamento é o que vai guiar o equilíbrio emocional dos alunos para ganho de autonomia.

O foco deveria ser a criação de “Rodas de Conversa” entre alunos, espaços em que poderiam relatar suas dúvidas e angústias para reconstruir a crença no coletivo, na escola e na sociedade. A questão central é estudar para quê? Esta é a chave da comunicação e da pedagogia.

Educação e desenvolvimento social caminham juntos. Como afirma-nos Clarice Lispector: “o hábito de dominar e o desamparo caminham juntos”. Nós, todos os professores, precisamos nos livrar das crenças burocráticas, dos números incompreensíveis e das tabelas, em nome de uma educação que foque na relação humana com nossos alunos e de nossos alunos com seus pais. A educação precisa se esquivar do foco no resultado e no desempenho bom ou ruim, precisa rever a função da educação e da pedagogia.

Como prega Rubem Alves: precisamos de “escutatória”, de mais estudo. Não é possível vivermos criando atalhos pedagógicos. Fora ansiedade! Os conflitos vivenciados são circunstancialmente essenciais na vida dos sujeitos. Não é possível vivermos de respostas fáceis e/ou superficiais. Professores precisam acreditar uns nos outros como ocorre nas comunidades científicas em que muitos se unem em busca de um bem comum. Vislumbrar rumos justos, socialização de experiências exitosas. Que pensemos em circuito, mas não vivamos em círculos. 

Por: Professor Erivan Alonço da Costa

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