Dia Nacional do Pedagogo. Meu alfabeto diferente: Ser professor no século XXI

        Lendo produções de José Saramago e de William Glasser encontramos diversos pontos em comum que levam-nos à palavra “escolha”. Em um tempo em que a aprendizagem é instável e praticamente tudo se torna volúvel, o ato de ensinar não é diferente. Ensinar exige, já há algum tempo, que o professor seja bom e constante “aprendente”. O professor do século atual não consegue mais ser professor se não viver constantemente teorizando, individualmente e/ou coletivamente, sua prática.

        As escolas estão passando a não mais fazerem sentido quando se esquivam de fazerem reuniões de boas práticas. Abaixo uma pontuação de A a Z para pensarmos sobre a sistematização do conhecimento.

Como professor do século XXI preciso compreender que:

A – Tenho que aprender a tentar não convencer ninguém.

B – Se eu tentar convencer o outro, estarei agindo como o vendedor de uma marca que, caso não venda, não terá seu bônus.

C – Não preciso de bônus para ser quem escolhi ser.

D – A maioria dos vendedores de marcas não está preocupada com o bem estar dos clientes, mas sim, com seus próprios interesses. Não perder aquela oportunidade a qualquer custo. Ganhar mais.

E – Quando estou a (de)serviço de convencer o outro, digo mais de mim do que o necessário.

F – Convencer alguém pode se tornar uma espécie de colonização do outro.

G – Se o outro resiste, ele está dizendo que não quer ser convencido. Está dizendo que se eu forçar na tentativa de convencimento, estarei sendo desrespeitoso com sua integridade.

H – Devo aprender a expor minha visão de que a educação é um “mundo mágico que seduz”.

I – A leitura é a porta para esse “mundo mágico”. A leitura é a diferença de tudo.

J – A leitura é o caminho na educação para criar as possibilidades de aperfeiçoar tudo o que fazemos em sociedade.

K – Todos nós vivemos escutando, vendo e ouvindo coisas e pessoas. Poucos vivem lendo.

L – Todos nós vivemos conversando, perguntando, repetindo, relatando, numerando, reproduzindo, recordando, debatendo, definindo e nomeando coisas em sociedade.

M – Fazer o aluno “ler e escrever” certamente o levará a aproveitar tudo que está citado nos itens “K e L”. O que o professor precisa mostrar ao aluno que lê e escreve, é que a utilização do que ele já faz em sociedade deve ser um tanto sistematizada no ato de aprender.

N – Ler, em verdade, é escolha do sujeito. Ninguém lê de verdade sob coerção.

O – Ouvir e ver são atos mecânicos. Todos fazemos a todo momento. Quase sempre involuntariamente.

P – Escutar com a devida atenção, requer vontade, requer ser voluntário.

Q – Conversar, perguntar, repetir, relatar, numerar, reproduzir, definir e nomear são necessidade básicas de sociabilidade. A própria convivência nos obriga a viver discutindo uns com os outros.

R – Escrever, em verdade, também é escolha do sujeito. Sob coerção não se escreve. Sob coerção se transcreve coisas. Escrever e transcrever são atos diferentes. Escrever requer motivação e inteligência. Transcrever requer estímulo e necessidade momentânea.

S – O ato de escrever, por exigir inteligência, leva o sujeito a interpretar, traduzir, expressar, revisar, identificar, comunicar, ampliar, utilizar, demonstrar, praticar, diferenciar, catalogar.

T – O sujeito motivado a escrever diariamente, e o fazendo diariamente, é um ser que vive a “fazer-se inteligente”.

U – Mesmo que “ler e escrever” sejam considerados atos solitários, ninguém deixará de ser (notado) inteligente por estar munido de livros e cadernos realizando esses dois atos.

V – Nenhum professor ensina sob ato coercitivo para o fazer.

W – Todo professor só o é porque escolheu ser.

X – O aluno precisa de um professor que lhe explique o que é coerção e lhe garanta direito de escolha.

Y – O aluno precisa ser consciente de que “ensinar aos outros” é escolha sua. É escolha sua: definir, estruturar, resumir, elaborar, ilustrar, generalizar e explicar qualquer coisa para alguém.

Z – O professor precisa transformar os atos de “ler e escrever” em um “mundo mágico” para si mesmo e dessa maneira transmitir isso a seus alunos. Ninguém dá aquilo que não tem. Em verdade, o estudante só precisa ler e escrever. Precisa ser seduzido a fazer isso de alguma forma.

Por: Professor Erivan Alonço da Costa

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