Foto: Gavriil Grigorov/AP
20 decilhões de dólares. Esse valor — maior que todo o PIB mundial, que hoje é estimado em US$ 110 trilhões pelo FMI — é a multa dada por um tribunal russo ao Google pelo bloqueio de canais russos no YouTube.
Com 33 zeros (US$ 20.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000), a multa acumulada ofusca completamente o valor de mercado da Alphabet, dona do Google, que é de “apenas” US$ 2 trilhões (com 12 zeros).
A quantia é tão alta que o Kremlin admitiu à “NBC” que foi mais “um gesto simbólico” e que não há perspectiva de recebimento.
Conforme publicado originalmente pelo canal de notícias russo RBC, o processo discute o bloqueio no YouTube, plataforma de vídeos da gigante, de 17 canais de televisão russos e outros meios de comunicação.
Entre eles, estão os canais “Zvezda”, de TV, “Channel One”, “VGTRK” (canais de TV Rússia 1 e Rússia 24), “Televisão Parlamentar”, “Moscow Media” e “TV Center”, e canais apoiadores do presidente Vladimir Putin sancionados internacionalmente.
No relatório do terceiro trimestre deste ano, a Alphabet apontou que “o Google tem questões jurídicas em andamento relacionadas à Rússia”. “Por exemplo, algumas das disputas estão relacionadas com o encerramento de contas, incluindo as de pessoas sujeitas a sanções. Multas progressivas também foram impostas à empresa em conexão com disputas sobre bloqueio de contas, incluindo contas de indivíduos sancionados”, afirmou o relatório.
Porém, no mesmo texto, a Alphabet disse que “não acredita que essas questões legais terão um impacto material adverso nos negócios do Google”.
Procurado pelo Valor, o Google não se manifestou imediatamente sobre o assunto. O espaço segue aberto.
Multa dobra a cada semana desde 2020
O tribunal exigiu que o Google restaurasse as contas em até nove meses, com multa de 100.000 rublos (cerca de US$ 1.000) por dia após o prazo. Essa multa dobra a cada semana de não conformidade infinitamente desde a primeira decisão em 2020, segundo informou o “RBC”.
O processo judicial foi aberto pela primeira vez em 2020, quando o Google bloqueou canais no YouTube que pertenciam ao chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, e ao oligarca Konstantin Malofeev. A justificativa da plataforma para os primeiros bloqueios foi “devido a violações da legislação de sanções e das regras comerciais”
Em fevereiro de 2022, tropas russas invadiram a Ucrânia pela primeira vez na guerra que ainda está em curso.
Já em março de 2022, o YouTube anunciou que bloquearia mais canais operados pela mídia estatal russa, incluindo “RT” e “Sputnik”, por publicar conteúdo sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia que viole as políticas da plataforma para conteúdo que negue, minimize ou banalize “eventos violentos bem documentados”.
Ainda de acordo com o relatado pela mídia russa na época, os canais foram bloqueados na Europa antes de serem removidos globalmente. O YouTube chegou a informar que mais de 1 mil canais e 15 mil vídeos foram tirados do ar em 15 dias. Não se sabe quantos desses canais continuam bloqueados atualmente. Com isso, mais canais entraram no processo. Atualmente, é reivindicado o desbloqueio de 17 canais de mídia.
Valor Econômico